Os arquétipos podem ser entendidos como
representações personificadas das
características humanas. O que seríamos nós? Um pouco de
herói e vilão, tolo
e sábio, palhaço e austero. O arquétipo vem a ser a
encarnação destas
distintas faces.
Segundo
Christopher Vogler, estes são os principais
arquétipos:
HERÓI
MENTOR
GUARDIÃO DO LIMIARCAMALEÃO
SOMBRA
PÍCARO
O HERÓI
Este arquétipo é capaz de
se
sacrificar em nome do bem estar comum. Geralmente, ele é o protagonista,
aquele que vai conduzir a história
aos olhos do espectador - o
desenvolvimento da trama está baseado nas ações do
herói dentro do ambiente
que lhe é apresentado e no resultado destas ações.Para um roteiro
ser bem aceito pelo público é necessário que este crie
uma identificação com
o herói. Quanto mais humana a feição do seu herói mais
provável será esta
identificação. É preciso que o herói tenha qualidades louváveis
e ansiadas
pelo espectador e, ao mesmo tempo, que traga fraquezas que o tornem mais
humano e mais próximo.
O herói é o protagonista e o roteiro é o
relato de sua aventura. Trata-se de uma jornada,
na qual ele deixa o seu
mundo comum e cotidiano e parte para novas descobertas e
desafios. Ele é
estimulado para mudar algo em seu mundo comum
e parte para buscar a
restauração dele mundo. Às vezes, ele está insatisfeito no mundo comum e sai em
busca da mudança. A grande motivação da jornada é a falta de alguma coisa - o
herói se sente incompleto e vai em busca
de sua plenitude. O resultado é a
transformação do próprio herói. Mesmo que o
ambiente permaneça o mesmo, o
herói não o enxerga mais da mesma forma durante e após a aventura.O confronto
com a
morte é uma constante para este arquétipo. A morte pode ser física ou
simbólica, mas ela está sempre presente. Quando morre ou triunfa sobre ela,
o herói de torna um mártir - num caso ou no outro, ele renasceo a partir de sua
própria destruição. Outros arquétipos podem ter atitudes heróicas, assim como o
herói pode assimir feições de outros arquétipos. A riqueza das histórias está na
complexidade da composição dos personagens.
O MENTORComo o herói
necessita aprender, é essencial alguém que o guie no mundo da aventura, até que
possa caminhar com seus próprios pés. O herói de uma jornada anterior pode ser o
mentor. Em outros casos, o mentor pode ser um herói que, no
passado, falhou,
mas mesmo assim adquiriu experiência que
pode ser útil ao herói. O mentor
pode dar um presente para ajudar o herói em sua jornada: uma espada, uma pedra,
um amuleto. Em algumas histórias, a consciência do herói age como seu mentor. O
herói te de vencer seu medo e entrar na aventura, por isso a figura do mentor é
fundamental.
O GUARDIÃO DO
LIMIARAo longo da
aventura o herói
enfrenta desafios. Estes desafios podem ser obstáculos,
tentando impedir que
o herói continue sua trilha. Por vezes, os próprios estão ali para
testá-lo
com o intuito de fortalecê-lo. O guardião tem esta função quase sempre, depois
de ultrapassado, se transforma num aliado do herói, uma espécie de mentor.
Em algumas
histórias, os guardiões são aliados do vilão, embora
possuam menor poder este. Para que o herói se prepare é necessário que ele
enfrente estes asseclas efique cada vez mais forte para enfrentar o vilão.
Analisado desta maneira, o guardião é uma
prévia da luta final. Se a luta do
herói for psicológica, os guardiões estão
representados nas próprias
limitações internas do herói.
O CAMALEÃOEste arquétipo tem a feição da
mudança repentina, da imprevisibilidade. Pode ser representado por uma
personagem que, aos olhos do herói e do espectador
,apresente transformações
na aparência ou no espírito, de forma que não se possa
prever suas ações.
A função do
camaleão é acabar com a previsibilidade da marrativa. O
herói, assim como o
espectador, fica em dúvida com a relação à fidelidade
doeste arquétipo, que pode se revelar um aliado do herói ou da sombra.
A
SOMBRA
A sombra é
a representação do vilão ou inimigo do herói. Sua
meta é, geralmente, a
morte ou destruição definitiva do herói. Em alguns
casos, o antagonista do herói
pode ser um aliado que discorda das ações do
herói e opta por tomar outras
ações, de forma que ambos entram em uma
competição para se resolver a história.
A sombra deve impor desafios ao
herói, de modo que este tenha que se
fortalecer para vencê-los. A sombra
pode ser um reflexo negativo do herói. Em
uma história de luta psicológica,
a sombra é representada por traumas e culpas do próprio herói.
"Assim
como o
herói, a sombra pode se tornar mais interessante se possuir uma
feição humana,
ou seja, ter defeitos ou qualidades que a aproximem do
espectador."
O PÍCARO
Ele é o palhaço ou qualquer personagem
cômico que carregue em si o desejo de mudança da realidade.
" A função
deste
arquétipo é acordar o herói para a realidade, denunciando a hipocrisia
e o lado
ridículo das situações apresentadas. Esta função também atinge o
público, uma
vez que este e o herói estão ligados, trazendo um alívio cômico
após uma
situação tensa da história."
"O herói picaresco, por
exemplo, é muito comum em contos
tradicionais de vários países e uma
constante nos desenhos animados infantis."